Dobradinha Isaías–Jorge escancara dois pesos e duas medidas na condução de requerimentos na Câmara

A condução dos trabalhos legislativos na Câmara Municipal tem gerado críticas recorrentes, especialmente quando o vereador Isaías assume a presidência interinamente durante a ausência do presidente titular, Flávio Negação.

Desde o início dos trabalhos da CPI das Obras, Isaías passou a adotar uma postura rigidamente contrária à inclusão de requerimentos de última hora, alegando que esse tipo de proposição é “complexa”, exige análise prévia e não deveria ser apreciada sem protocolo antecipado. O discurso, no entanto, contrasta com a prática histórica da Casa, onde requerimentos sempre foram aceitos em plenário, inclusive com aval do próprio Isaías em outras ocasiões.

A situação ganhou novos contornos na sessão ordinária realizada no dia 22 de dezembro, quando, por alguns minutos, Isaías voltou a ocupar a presidência da sessão em razão da ausência temporária de Negação. Nesse curto período, o vereador Jorge, atual aliado político de Isaías, solicitou a inclusão de um requerimento em plenário — pedido que foi aceito normalmente.

A decisão gerou reação imediata de vereadores da oposição. César Pastorello, inclusive participando de forma remota, questionou o critério adotado: se o requerimento de Jorge poderia ser aceito, por que os demais, em situações semelhantes, vinham sendo sistematicamente barrados?

Diante da cobrança, Isaías apresentou uma justificativa alternativa: afirmou que o requerimento de Jorge teria sido protocolado na sexta-feira, mas que não houve reunião de pauta, razão pela qual estaria autorizando a inclusão. Para críticos, o episódio reforça a percepção de que sempre há um argumento novo, um detalhe procedimental ou uma interpretação conveniente para permitir o que antes era negado.

A contradição se torna ainda mais evidente quando se recorda que vereadores aliados do Executivo, como Valdeníria, apesar de também declararem oposição a requerimentos de última hora, já solicitaram a inclusão de projetos de lei do Executivo em regime de urgência, inclusive na mesma sessão, sem o mesmo rigor aplicado à oposição.

Nos bastidores, a movimentação de Isaías e Jorge é vista como uma dobradinha política, marcada por conveniência momentânea. Ambos, segundo relatos internos, não contam com ampla confiança entre os colegas, mas têm se aproximado como estratégia de sobrevivência e fortalecimento mútuo dentro do plenário.

O episódio reforça uma crítica que vem sendo feita com frequência: a de que as regras mudam conforme o autor do pedido. Quando o requerimento parte da oposição, a régua sobe; quando parte de aliados, surge uma exceção.

A falta de critérios objetivos e isonômicos compromete não apenas o andamento dos trabalhos, mas também a credibilidade do processo legislativo, alimentando a percepção de que a condução da Câmara, em determinados momentos, tem sido mais política do que institucional.


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