COP Pantanal decepciona: baixa adesão, ausência de lideranças e promessa inflada.

Era pra ser maior conferência de meio ambiente de Mato Grosso”, centenas de atividades, marcos legislativos históricos e até impacto nacional. Mas quem esteve presente viu um evento bem diferente — marcado por baixa participação popular, ausência de lideranças de peso, pouca mobilização real na cidade e um ambiente muito distante do entusiasmo retratado pelos órgãos oficiais.

Em vez de se consolidar como um marco, a edição de 2025 da COP Pantanal acabou repetindo o padrão na COP30, que também foi vendida como histórica, mas terminou marcada por promessas vazias, ausência de compromissos concretos e expectativa frustrada em torno de fundos de investimento ambientais que não chegaram.

Expectativa inflada e realidade silenciosa

A expectativa  era minhares de pessoas. Na prática, porém, o fluxo de público foi baixo, e a maior parte das atividades ocorreu com plateias reduzidas, compostas principalmente por estudantes — muitos inclusive levados por escolas, e não pela adesão espontânea da população.

A cidade, que esperava ser tomada por delegações, visitantes, lideranças e entidades diversas, viu um movimento morno. Lideranças políticas de maior relevância no estado simplesmente não apareceram, deixando claro que o peso político do evento não correspondeu ao que se tentou vender.

A “grande conquista legislativa”: apenas datas comemorativas

Um dos pontos mais celebrados na divulgação foi o anúncio de dois marcos legislativos:

  • Lei Municipal nº 3.376/2025 — Dia Municipal do Pantanal (12 de novembro)

  • Lei Municipal nº 3.375/2025 — Dia Municipal do Rio Paraguai (14 de novembro)

Embora importantes simbolicamente, as duas leis não trazem medidas práticas de conservação, não criam programas, não destinam recursos, não estabelecem metas e não modificam nenhuma política concreta de preservação ambiental. São, essencialmente, datas comemorativas, úteis para calendário, mas incapazes de enfrentar questões urgentes como queimadas, manejo da água, pesca predatória e desmonte de estruturas ambientais.

Para um evento que se propunha a ser o principal palco climático de Mato Grosso, as entregas legislativas ficaram muito aquém.

Lições da COP30: o reflexo de um fracasso maior

A comparação com a COP30 é inevitável. A conferência internacional, realizada em Belém, também foi vendida como revolucionária, mas ficou marcada por:

  • ausência de chefes de Estado, esvaziando o impacto global;

  • falta de metas concretas e acordos vinculantes;

  • infraestrutura criticada;

  • e, principalmente, pela frustração envolvendo o Fundo de Florestas Tropicais (TFFF) — anunciado como o grande investimento internacional, mas que não chegou nem perto dos bilhões prometidos.

Quando o macro falha, o micro sente. E a COP Pantanal refletiu exatamente isso: muita retórica, pouca ação, muitos anúncios, pouca entrega real.

Mobilização estudantil: o único ponto que de fato se confirmou

O único setor que realmente deu corpo ao evento foi o estudiantil. A COP Pantanal Mirim mobilizou 2.400 crianças, além de outras atividades que envolveram mil alunos. Um movimento importante — mas que, sozinho, não sustenta a narrativa de uma conferência transformadora.

A participação das escolas foi organizada e induzida, educativa e relevante, mas longe do impacto social amplo que os números divulgados tentam sugerir.

Evento técnico, mas não popular

Apesar da programação acadêmica bem montada, com debates sobre Água, Fogo, Pesca e Justiça Climática, o evento não conseguiu chegar à população, não ganhou as ruas e não virou pauta de interesse público. Na prática, funcionou como um grande seminário universitário — respeitável, porém limitado.

Conclusão: muito anúncio, pouca transformação

A COP Pantanal tinha todos os elementos para ser um marco regional. No entanto:

  • não mobilizou a cidade,

  • não atraiu as lideranças esperadas,

  • não entregou políticas concretas,

  • não gerou impacto ambiental real,

  • e repetiu a lógica da COP30: expectativa inflada, resultado modesto.

Enquanto o marketing oficial celebra números, quem esteve presente sabe que a conferência deixou escapar a chance de envolver Cáceres e o Pantanal em uma discussão ampla, concreta e mobilizadora.


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