Um caso que tem gerado forte repercussão em Cáceres (MT) expõe possíveis falhas graves na rede de saúde pública e omissão de informações em um acidente de trânsito que resultou na morte de um jovem de 28 anos, identificado como Felipe.
Segundo o relato do pai da vítima, Felipe trafegava de bicicleta pela Rua Santo Antonio, quando foi atingido por um carro que estaria sendo conduzido por Kevin. Câmeras de segurança da região mostram que o veículo avançou a preferencial no cruzamento da Rua São Jorge, quase colidiu com uma motocicleta e, atingiu a bicicleta, derrubando o rapaz.
Após o impacto, Kevin teria acionado a emergência, informando apenas que havia “encontrado uma pessoa desmaiada”, omitindo o fato de que havia colidido com a vítima. Somente após o bombeiro socorrista ter verificado as pupílas midiáticas e, ali mesmo, ja percebido que não seria coma alcolico, o motorista teria adimitido que “poderia ter encostado nele”.
Regulação e falhas no atendimento
A vítima foi encaminhada pela regulação de Cáceres, que, ainda segundo o pai da vítima, durante o resgate teria somente a presença do bombeiro dirigindo a viatura, o técnico e a enfermeira, esta, estava em contato com o médico da regulação em Cuiabá. A enfermeira , identificada como Josiane, teria determinado que o paciente fosse levado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), quando, segundo os protocolos de trauma, ele deveria ter sido encaminhado diretamente ao Hospital Regional.
Ainda conforme o pai de Felipe, a enfermeira, não sabendo se foi erroneamente ou propositalmente, teria informado o local do resgate diferente do local real, dizendo que o rapaz havia sido encontrado “no coreto da Cavalhada”, quando, na verdade, o acidente ocorreu na Rua São Jorge esquina com a Santo Antonio (Próximo a Joaquim Murtinho), deixando uma dúvida de qual o interesse em trocar o endereço.
Esse pequeno erro também pode ter sido fatal, por que uma pessoa encontrada no meio de uma rua movimentada, é quase cerrteza de acidente, em contra partida uma pessoa deitada no coreto, teoricamente deitou-se para dormir e passar o periodo em que estivesse passando mal.
Outro detalhe levantado pela família é que a profissional seria seguidora do motorista Kevin nas redes sociais, o que levanta questionamentos sobre possível conflito de interesse.
Médico ignorou informações sobre o acidente
De acordo com o depoimento do pai, o médico que atendeu o caso na UPA, Dr. Emerson, foi informado pelo próprio pai de que o filho havia sofrido um acidente. Mesmo assim, o profissional teria insistido em tratá-lo como paciente em coma alcoólico, dizendo que “esperaria o sedativo passar para então avaliar melhor o quadro”.
Somente 17 horas depois de ter sito tratado como coma alcolico, que foi resolvido fazer a tomografia, e que após o resultado, o Médico, teria vindo ao pai e dizer: "Pai agora nós temos um diagnóstico, seu filho foi acidentado e está com um grande derrame cerebral e vai ter sequelas". Nesse momento, Felipe foi encaminhado ao Hospital Regional de Cáceres, mas, ainda segundo as informações obtidas já teria chegado com o quadro de morte encefálica.
Família pede investigação e responsabilização
O pai da vítima registrou inquérito formal e o caso já foi encaminhado à Prefeitura de Cáceres, Corpo de Bombeiros, Promotoria de Justiça e Conselho Regional de Medicina (CRM) para apuração das responsabilidades. Ele afirma: "Se o socorro tivesse sido correto, desde a informação, de quem atropelou, o atendimento feito pela enfermeira e posteriormente o médico de forma que se espera de um profissional que confiamos nossas vidas, meu filho poderia ter sobrevivido".
“Meu filho foi vítima duas vezes: primeiro, por quem o atropelou e omitiu a verdade; depois, por um sistema que falhou em dar o atendimento que ele precisava para viver”, declarou o pai à reportagem.
O caso expõe possíveis falhas estruturais e humanas em diferentes níveis do atendimento de urgência: desde a triagem telefônica sem médico na regulação, até a conduta médica e a suposta negligência em seguir os protocolos de trauma.
Agora, os órgãos competentes devem instaurar processos de investigação e sindicância para apurar responsabilidades tanto na área da saúde quanto na esfera criminal.
A morte de Felipe reacende o debate sobre a precariedade da regulação médica em Cáceres e a necessidade urgente de profissionalização, transparência e fiscalização nos atendimentos de emergência — onde cada minuto pode significar a diferença entre a vida e a morte.
Obs.: Nossa redação está, como sempre, aberta para opuvir todas as versões e lados, contudo nao conseguimos contatos para conversar com os demais envolvidos.
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Imagens e audios obtidas com pai da vítima.
