Denúncia de abuso em escola expõe brechas na Contratação em Cáceres

Uma denúncia de abuso sexual envolvendo um professor da rede municipal de ensino de Cáceres contra uma aluna de apenas 8 anos abalou a cidade e acendeu um alerta sobre os critérios adotados na contratação de profissionais da educação. O caso, ocorrido em uma escola da zona urbana, está sendo investigado pela Delegacia da Mulher, com apoio do Conselho Tutelar.

Após a denúncia, a Prefeitura de Cáceres emitiu nota oficial confirmando o afastamento imediato do servidor investigado e anunciando medidas como a abertura de procedimento administrativo e o oferecimento de apoio psicológico à família da vítima.

O que a nota não menciona, no entanto, é a política contínua e recorrente de contratações temporárias adotada pela administração municipal — prática que, para muitos, se tornou uma ferramenta de controle político e de amarração de votos, com consequências que podem ser, como neste caso, catastróficas.

Apesar de a Prefeitura alegar que tais contratações ocorrem por “excepcional interesse público”, como previsto na Lei Municipal nº 1.931/2005, a realidade é que a Educação de Cáceres opera há anos com um contingente expressivo de professores não concursados. A revogação da Lei nº 3.144/23 pela Câmara Municipal, em novembro de 2023, liberou novamente a contratação temporária de servidores, abrindo caminho para processos seletivos simplificados, como o Edital nº 003/2023.

Até o momento, não se sabe se o professor acusado é efetivo ou contratado temporariamente. Mas o episódio escancara a fragilidade do sistema e os riscos de se utilizar cargos públicos como moeda eleitoral, em vez de investir em concursos públicos e na qualificação dos quadros permanentes.

A Prefeitura, inclusive, mantém em vigor decretos como o nº 781/2023, que organiza a atribuição de carga horária a servidores contratados sem concurso, facilitando a ocupação de vagas com critérios subjetivos e políticos.

Enquanto isso, o número exato de professores contratados temporariamente continua sendo um mistério — e o silêncio da administração pública sobre isso apenas aumenta a desconfiança da população.

A gestão da prefeita Eliene Liberato não pode continuar tratando a educação como um balcão de conveniências eleitorais. O futuro das crianças de Cáceres exige responsabilidade, seriedade e compromisso real com a qualidade do ensino — não apenas notas de esclarecimento.


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