O ex-prefeito Francis Maris volta a se movimentar nos bastidores da política. Com presença constante em eventos públicos e políticos, suas aparições sinalizam o desejo de disputar uma vaga na Assembleia Legislativa em 2026. No entanto, a caminhada rumo ao próximo pleito promete não ser fácil — principalmente pela dificuldade em construir alianças sólidas e pela imagem marcada por críticas, especialmente no funcionalismo público municipal.
Nas eleições de 2022, já foi perceptível o enfraquecimento da influência de Francis. Muitos aliados tradicionais se distanciaram e o apoio ao seu grupo de candidatos foi tímido. Alguns dizem que o problema está em seu temperamento; outros, que a insatisfação é consequência direta da forma como ele conduziu sua gestão, priorizando a estrutura e as finanças da prefeitura, mas deixando de lado o diálogo com o povo — principalmente servidores e pequenos empresários, que relatam ter sido esquecidos.
Ainda assim, é inegável que a gestão de Francis teve organização administrativa e capacidade técnica, com maior controle sobre a estrutura interna da máquina pública. Mas é preciso lembrar que nem tudo o que a cidade enfrenta hoje é fruto exclusivo da atual gestão.
Herança silenciosa
Problemas como enchentes nos bairros, falta de planejamento no saneamento básico e obras sem infraestrutura adequada são questões que se arrastam há muito mais de seis anos, mostrando que teve 8 anos de gestão Francis sem solução. Em muitos casos, obras de pavimentação realizadas ainda no seu mandato foram entregues sem a devida instalação de rede de esgoto, o que contribuiu — e muito — para os alagamentos recorrentes que afligem bairros inteiros a cada nova chuva.
Outro ponto pouco debatido é que a atual prefeita Eliene Liberato fez parte da gestão de Francis. Foi vice-prefeita durante os dois mandatos e, portanto, não pode ser dissociada de várias das decisões tomadas naquele período. Isso levanta uma pergunta inevitável: se os problemas existem desde antes, por que não foram resolvidos na época?
O peso de se posicionar
Para voltar ao cenário estadual, Francis precisa mais do que boa vontade política. Precisa enfrentar os desafios de sua própria imagem. A construção de alianças exige confiança e reciprocidade — e muitos vereadores e lideranças que estiveram ao seu lado dizem não ter recebido o devido apoio nas últimas campanhas.
Também será necessário demonstrar sensibilidade política para compreender que, apesar da atual gestão ter suas falhas — e são muitas —, parte do desgaste que hoje recai sobre Eliene vem de uma herança administrativa que ele próprio ajudou a construir.
Eleições à vista e memórias recentes
Com a proximidade das eleições de 2026, o tabuleiro político de Cáceres começa a se movimentar. Mas diferente de outros tempos, o eleitor está mais atento, mais crítico e menos propenso a aceitar discursos prontos. Francis ainda possui influência e experiência, mas a memória popular anda afiada. Para conquistar votos, será preciso mais do que promessas. Será necessário apresentar propostas concretas, assumir responsabilidades passadas e, principalmente, reconectar-se com a base que o elegeu — e que, ao longo do tempo, se distanciou.