Mesmo após audiência pública, apagões e picos de energia voltam a atingir bairros de Cáceres

Pouco mais de um mês após a audiência pública realizada em 5 de novembro, na Câmara Municipal de Cáceres, os problemas no fornecimento de energia elétrica voltaram a se repetir com força: apagões prolongados, picos de tensão e atendimento considerado ineficiente atingiram diversos bairros, inclusive da região central.

A audiência, promovida pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso, foi conduzida pelo deputado Valmir Moreto e reuniu moradores, comerciantes e representantes da concessionária Energisa. À época, o plenário ficou lotado e as reclamações foram duras: quedas constantes, demora no restabelecimento do serviço, dificuldade de contato e prejuízos financeiros.

Passada a audiência, porém, não houve anúncio de medidas efetivas, como cronograma de investimentos, metas fiscalizadas, sanções administrativas, audiências técnicas de acompanhamento ou cobrança institucional formal. O resultado prático foi a volta do problema — e a sensação, entre moradores, de que a audiência serviu mais como palco do que como instrumento de mudança.

A crítica que ganha corpo é simples: a cobrança não pode parar no microfone. Sem acompanhamento, fiscalização contínua e pressão política real, audiências públicas viram registros formais de indignação, mas não produzem efeitos concretos. Até aqui, não se viu do deputado que conduziu a audiência um plano de ação posterior que obrigasse a concessionária a cumprir prazos, apresentar investimentos ou responder por falhas reiteradas.

A cobrança também alcança o Executivo estadual. O governo de Mauro Mendes não apresentou, até o momento, iniciativas públicas contundentes para enfrentar o problema estrutural do serviço em Cáceres. A percepção popular é de baixa disposição política para bater de frente com grandes concessionárias, que têm peso econômico e influência institucional.

Enquanto isso, quem paga a conta é o consumidor: comerciantes com prejuízos, aparelhos danificados por oscilação e famílias horas sem energia. Especialistas lembram que interrupções prolongadas e picos de tensão podem gerar direito à indenização, desde que comprovados os danos. O caminho legal inclui registrar protocolos na concessionária, reunir provas (fotos, laudos), acionar o Procon e, se necessário, buscar o Judiciário.

Mais do que novas audiências, a população cobra resultado: fiscalização contínua, metas públicas, sanções quando cabíveis e cobrança institucional permanente. Sem isso, a audiência de novembro corre o risco de ficar marcada apenas como exposição política, enquanto o problema — conhecido e recorrente — segue sem solução.


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