A agência reguladora brasileira Anvisa liberou recentemente que dentistas também possam receitar o medicamento Mounjaro (princípio ativo tirzepatida), mas apenas em situação específica: pacientes obesos que apresentem apneia obstrutiva do sono.
A decisão amplia o espectro de atuação dos profissionais de odontologia — mas também acende alertas quanto aos riscos de prescrição inadequada, à necessidade de atuação multidisciplinar e ao fato de que a indicação continua restrita.
O que a liberação permite
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Cirurgiões-dentistas agora estão incluídos no rol de prescritores cadastrados para o uso do Mounjaro nessa nova indicação.
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O uso do remédio foi avaliado clinicamente para pacientes obesos com apneia: estudo mostrou redução significativa das interrupções respiratórias em usuários da tirzepatida.
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Contudo, a prescrição deve ocorrer dentro de limites éticos e regulamentares, afirma o Conselho Federal de Odontologia (CFO).
Os limites e os cuidados
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A indicação é exclusiva para pessoas obesas com apneia obstrutiva do sono — o uso para emagrecimento estético ou fora desse quadro não é contemplado pela liberação.
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O CFO alerta que os dentistas devem atuar em conjunto com equipe multidisciplinar (médico, nutricionista, etc.), verificar comorbidades e riscos.
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Efeitos colaterais potenciais: o próprio órgão destaca que a tirzepatida pode gerar problemas gastrointestinais e até impactos bucais — o que torna ainda mais relevante a atuação criteriosa do dentista.
Por que isso é relevante para o Brasil
Essa mudança mostra dois movimentos importantes:
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A ampliação do papel do dentista em questões de saúde que até então eram predominantemente médicas — ou seja: o campo da odontologia se conecta mais diretamente à saúde sistêmica.
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A preocupação regulatória e ética cresce: quando medicamentos de alta complexidade entram no consultório odontológico, a exigência de capacitação, protocolo e responsabilidade aumenta — não dá para tratar como “prescrição comum”.
O que o usuário/cliente precisa saber
Se você for paciente ou conhece alguém que se encaixe no perfil (obeso + apneia do sono), atenção aos seguintes pontos:
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Verificar se o diagnóstico de apneia foi feito por médico especializado e se dispõe de laudos ou exames.
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Confirmar que o profissional está habilitado para prescrever e que há acompanhamento de outras especialidades.
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Entender que o medicamento não é autorizado para emagrecimento simples ou uso estético por dentistas.
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Perguntar pelo plano de tratamento completo: dieta, atividade física, acompanhamento multidisciplinar — o medicamento sozinho não supre todo o cuidado.
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