Dentistas agora podem prescrever Mounjaro — liberação da Anvisa abre debate ético e técnico

A agência reguladora brasileira Anvisa liberou recentemente que dentistas também possam receitar o medicamento Mounjaro (princípio ativo tirzepatida), mas apenas em situação específica: pacientes obesos que apresentem apneia obstrutiva do sono. 

A decisão amplia o espectro de atuação dos profissionais de odontologia — mas também acende alertas quanto aos riscos de prescrição inadequada, à necessidade de atuação multidisciplinar e ao fato de que a indicação continua restrita.

O que a liberação permite

  • Cirurgiões-dentistas agora estão incluídos no rol de prescritores cadastrados para o uso do Mounjaro nessa nova indicação. 

  • O uso do remédio foi avaliado clinicamente para pacientes obesos com apneia: estudo mostrou redução significativa das interrupções respiratórias em usuários da tirzepatida. 

  • Contudo, a prescrição deve ocorrer dentro de limites éticos e regulamentares, afirma o Conselho Federal de Odontologia (CFO). 

Os limites e os cuidados

  • A indicação é exclusiva para pessoas obesas com apneia obstrutiva do sono — o uso para emagrecimento estético ou fora desse quadro não é contemplado pela liberação. 

  • O CFO alerta que os dentistas devem atuar em conjunto com equipe multidisciplinar (médico, nutricionista, etc.), verificar comorbidades e riscos. 

  • Efeitos colaterais potenciais: o próprio órgão destaca que a tirzepatida pode gerar problemas gastrointestinais e até impactos bucais — o que torna ainda mais relevante a atuação criteriosa do dentista. 

Por que isso é relevante para o Brasil

Essa mudança mostra dois movimentos importantes:

  1. A ampliação do papel do dentista em questões de saúde que até então eram predominantemente médicas — ou seja: o campo da odontologia se conecta mais diretamente à saúde sistêmica.

  2. A preocupação regulatória e ética cresce: quando medicamentos de alta complexidade entram no consultório odontológico, a exigência de capacitação, protocolo e responsabilidade aumenta — não dá para tratar como “prescrição comum”.

O que o usuário/cliente precisa saber

Se você for paciente ou conhece alguém que se encaixe no perfil (obeso + apneia do sono), atenção aos seguintes pontos:

  • Verificar se o diagnóstico de apneia foi feito por médico especializado e se dispõe de laudos ou exames.

  • Confirmar que o profissional está habilitado para prescrever e que há acompanhamento de outras especialidades.

  • Entender que o medicamento não é autorizado para emagrecimento simples ou uso estético por dentistas.

  • Perguntar pelo plano de tratamento completo: dieta, atividade física, acompanhamento multidisciplinar — o medicamento sozinho não supre todo o cuidado.


Leia mais em www.folhadecaceres.com.br
Siga @folhadecaceres nas redes sociais
Folha de Cáceres — a verdade doa a quem doer.



Postagem Anterior Próxima Postagem