A novela do Reajuste Geral Anual (RGA) dos servidores municipais de Cáceres está tão cansativo, todo ano fica nessa confusão política, esse jogo de culpas e a luta pelos direitos já adiquiridos sempre tem que fazer parte e assim continua, mas, ao que tudo indica, a estratégia da Prefeitura é clara: empurrar com a barriga até onde der, mas sem parecer culpada pelo atraso. A gestão municipal já admitiu que não tem dinheiro para pagar os 4,77% de reajuste, mas, ao invés de assumir a situação e buscar uma solução realista desde o início, está usando a Câmara Municipal como escudo para justificar a demora, e nesse caso fica fácil, pois pela primeira vez em muitos anos a Câmara esta independente de estar submissa ao execurivo, deixou de ser o famoso puxadinho da prefeita.
O jogo de empurra
Primeiro, a Prefeitura mandou um projeto sem a previsão de parcelamento, mesmo sabendo que não teria como pagar o reajuste integral. O texto foi aprovado na Câmara, mas a própria prefeita vetou, alegando falta de recursos. Ou seja, o Executivo se autossabotou e criou um impasse que poderia ter sido evitado se tivesse enviado a proposta correta desde o começo.
Depois do veto, a Prefeitura mandou um novo projeto, dessa vez propondo o parcelamento. No entanto, enviou a proposta na última hora, sem tempo suficiente para análise adequada e segundo os pareceres com erros visíveis mesmo sem uma análise mais criteriosa, e agora tenta criar a narrativa de que a Câmara está segurando a votação.
A realidade é que a Câmara tem o dever de analisar o projeto com atenção, ainda mais porque ele já chegou com modificações e pontos que precisam ser esclarecidos. O próprio presidente da Casa, Flávio Negação, afirmou que as comissões legislativas precisam revisar cada detalhe antes de aprovar, para evitar erros que possam prejudicar os servidores no futuro.
Por que essa estratégia?
O motivo parece óbvio: a Prefeitura precisa ganhar tempo. Como o dinheiro está curto e as contas apertadas, cada dia que se passa sem pagar o reajuste representa um alívio para os cofres municipais. Mas, para não assumir a culpa por isso, a gestão prefere transferir a responsabilidade para a Câmara, como se os vereadores estivessem impedindo o pagamento.
Essa tática de jogar a culpa para o Legislativo não é novidade e já foi usada em outras situações. A diferença agora é que os servidores estão atentos e começam a perceber que a demora não está acontecendo apenas por discussões políticas, mas sim por falta de planejamento e dinheiro da Prefeitura.
Quem paga a conta?
Enquanto o Executivo e o Legislativo se desentendem, os servidores seguem sem o reajuste que já deveria estar garantido. Para a Prefeitura, essa confusão pode ser uma maneira de se livrar da pressão, mas para os trabalhadores municipais, significa perda de poder de compra em um momento de alta inflação e dificuldades financeiras.
O que se espera agora é que a verdade prevaleça. A Prefeitura precisa parar de criar obstáculos e apresentar uma solução viável de uma vez por todas, sem ficar jogando a responsabilidade para os vereadores. A Câmara, por sua vez, tem o dever de analisar o projeto com seriedade, mas sem permitir que o Executivo use o Legislativo como bode expiatório para esconder a falta de planejamento financeiro.
No fim das contas, a grande questão que fica é: será que o RGA será pago ainda este ano ou a estratégia de protelar sem assumir a culpa vai continuar?