Enquanto o Pantanal brasileiro se desfaz em meio a focos de incêndio e a Amazônia continua sofrendo com a devastação, o governo federal decidiu enviar uma missão humanitária para combater os incêndios florestais na Bolívia. A operação, que visa conter as chamas na fronteira entre os dois países, tem causado críticas ao presidente Lula, já que muitos acreditam que ele estaria mais preocupado em ajudar o país vizinho do que em olhar para a própria nação.
Nos últimos meses, o Pantanal tem sido fortemente atingido pelos incêndios. Dados do Centro de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo/Ibama) mostram que 112 focos foram registrados na região, dos quais 18 ainda estão ativos. Enquanto isso, a Amazônia enfrenta desafios semelhantes, com áreas sendo devastadas pelo fogo e pelo desmatamento, agravando a crise ambiental que já afeta toda a população.
Ao mesmo tempo, o governo federal optou por enviar uma equipe composta por 37 bombeiros militares da Força Nacional e 25 bombeiros do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal para combater os incêndios na Bolívia, sob a coordenação do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). A missão, que também envolve a participação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), tem como base a cidade de San Ignacio de Velasco, distante 418 km de Cáceres (MT).
Enquanto o presidente Lula se concentra em apoiar o combate ao fogo no país vizinho, a população brasileira questiona o motivo de tantas áreas críticas no Pantanal e na Amazônia não estarem recebendo o mesmo nível de atenção e recursos. Campanhas bolivianas que, em alguns casos, promovem o uso do fogo para práticas agrícolas e de ocupação têm alimentado a desconfiança de que o presidente está mais interessado em fortalecer laços com outros países do que proteger os biomas nacionais.
O governo federal, liderado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) e pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), parece estar mais preocupado com a política externa do que com as consequências dos incêndios que atingem o Brasil. Críticos apontam que a missão de combate aos incêndios na Bolívia, que se estenderá até o dia 17 de setembro, poderia ter sido melhor utilizada dentro das próprias fronteiras, onde o fogo ainda continua a destruir o meio ambiente e a vida selvagem.
A situação revela um paradoxo nas prioridades governamentais: enquanto o Pantanal e a Amazônia se desfazem em chamas, o governo prioriza o auxílio ao país vizinho, deixando a impressão de que as emergências ambientais internas ficam em segundo plano.