Pesquisadores apontam prejuízos do machismo e movimentos conservadores para os homens

 No Brasil, no dia 15 de julho, comemora-se o Dia do Homem, uma data que busca conscientizar a sociedade sobre questões e circunstâncias que afetam o sexo masculino, especialmente relacionadas à saúde. Os professores e pesquisadores Moisés Lopes e Bruna Irineu, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), enfatizam que o machismo e os conceitos ultrapassados de masculinidade são os principais motivos pelos quais os homens negligenciam seu autocuidado, resultando em problemas de saúde física e mental.

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Lopes ressalta que embora as mulheres sejam as principais vítimas do machismo, é importante reconhecer que outros grupos também são afetados, como crianças, aqueles que desafiam a masculinidade hegemônica e a comunidade LGBTQIA+. Além disso, a estrutura machista da sociedade também impacta os homens, levando a baixo uso de medicamentos, falta de busca por cuidados médicos e um aumento no consumo excessivo de bebidas e drogas, já que o cuidado é frequentemente associado ao papel feminino.


A professora Irineu, do Departamento de Serviço Social da UFMT, acrescenta que o machismo também afeta a saúde mental dos homens e seus relacionamentos interpessoais. Homens que têm habilidades domésticas, que expressam suas emoções e cuidam de suas casas têm menos probabilidade de enfrentar problemas de saúde mental. Além disso, esses homens são capazes de oferecer uma paternidade mais completa e saudável para seus filhos, além de estabelecer relacionamentos mais equitativos com seus parceiros.


À medida que avanços sociais em favor de minorias e grupos marginalizados ocorrem, o papel do homem na sociedade tem sido objeto de reflexão constante. No entanto, essas mudanças também desencadearam movimentos contrários, liderados por homens, que estão buscando manter seus privilégios e a ordem social estabelecida.


Os professores destacam que esses movimentos conservadores surgem como reação à ameaça de perda de poder e centralidade que homens que vivem uma masculinidade tradicionalmente dominante enfrentam. Esses grupos tentam conservar uma imagem de masculinidade ligada ao poder, e isso é evidenciado pelo surgimento de movimentos nas redes sociais, como os "redpills" e "incels", que desejam reduzir as mulheres à posição de objeto e propriedade.


É importante ressaltar que esses movimentos são estrategicamente articulados por homens que ocupam posições privilegiadas na hierarquia social, como aqueles com poder aquisitivo e político, que têm a capacidade de mobilizar outros homens. Embora existam homens de diferentes classes sociais que reforçam essas relações patriarcais, são aqueles no topo da hierarquia social que impulsionam o discurso e criam um ambiente hostil aos direitos e à igualdade de gênero.


Moisés Lopes destaca que a noção de "verdadeira masculinidade" defendida por esses grupos é equivocada, pois historicamente existiram e ainda existem diversas formas de ser homem ao redor do mundo. Ele ressalta que não há um único conceito universal de masculinidade, mas sim uma multiplicidade de vivências masculinas que evoluem ao longo do tempo e variam entre as sociedades.


Ao abordar o Dia do Homem, é importante reconhecer a necessidade de uma masculinidade mais inclusiva e saudável, que rejeite o machismo e valorize o autocuidado, a igualdade de gênero e as relações interpessoais equânimes.

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