Audiência sobre emenda impositiva expõe desconhecimento e tensão na Câmara: vereadora diz não conhecer tema discutido há dois anos

A audiência pública realizada para discutir a emenda impositiva terminou marcada por desconforto e tensão. Durante o momento de perguntas, o jornalista Eurimar, da Folha de Cáceres, questionou de forma direta:

“O que falta para implantar a emenda impositiva no município?”

A resposta da vereadora Valdeníria surpreendeu o plenário. Ela afirmou que não conhece a proposta, que “já é contra”, mas que “precisa estudar melhor para decidir se será a favor ou não”.

A fala provocou reação imediata do presidente da Câmara:

“Vereadora, fica estranho dizer que não conhece. Essa pauta está sendo debatida aqui há dois anos. Começou no mandato passado — tentei implantar, não consegui — e voltou neste mandato. Não é novidade.”

Ele reforçou que a vereadora participou das discussões, e que alegar desconhecimento demonstra falta de acompanhamento:

“Está faltando é se inteirar, porque essa discussão já vem sendo aprofundada há bastante tempo.”


O ponto mais contraditório da audiência

Tentando justificar sua posição, Valdeníria afirmou que preferia se ater apenas ao debate do PPA (Plano Plurianual) e da LOA (Lei Orçamentária Anual).

O presidente, então, rebateu mais uma vez — desta vez em um ponto crucial:

“Mas como discutir PPA e LOA se a emenda impositiva ainda está em transição?
Se ela for aprovada, teremos que refazer o PPA e a LOA para incluir essa obrigatoriedade.”

Ou seja: é impossível analisar PPA e LOA de forma definitiva enquanto não houver uma decisão sobre a emenda impositiva, pois o orçamento e o planejamento precisam contemplar o percentual destinado às emendas obrigatórias dos vereadores.

A afirmação da vereadora, portanto, revelou uma contradição básica: querer discutir o orçamento sem antes definir um mecanismo que altera completamente a estrutura desse orçamento.


O que é a emenda impositiva — e por que ela é tão importante

A emenda impositiva obriga o prefeito a executar uma parte das emendas dos vereadores. Hoje, as emendas são apenas sugestões: o Executivo cumpre se quiser.

Com a impositividade:

  • passa a ser obrigatório executar um percentual do orçamento indicado pelos vereadores;

  • cada vereador pode direcionar recursos para obras e melhorias em bairros e setores da cidade;

  • o Legislativo ganha autonomia real;

  • a distribuição de recursos fica mais justa e transparente;

  • diminui a dependência dos vereadores em relação ao prefeito.

  • faz do vereador um fiscalizador mais ativo com as emendas conseguidas com deputados e senadores

Por isso, discutir a emenda impositiva antes do PPA e da LOA não é apenas lógico — é indispensável.


Audiência expõe desencontro entre debate e preparo

O episódio da audiência evidenciou um problema crescente:
o avanço dos debates não está sendo acompanhado por todos os parlamentares com o mesmo nível de preparo e entendimento.

A população, que espera clareza sobre como será definido o orçamento municipal dos próximos anos, assistiu a uma discussão que deveria ser técnica virar um confronto de interpretações básicas sobre o processo legislativo.

A matéria segue em atualização.


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