Cáceres vive um colapso social sem precedentes. O descaso da administração municipal em relação à população em situação de rua, dependentes químicos e pessoas vulneráveis transformou a cidade em um cenário de abandono e desumanidade. Nos últimos meses, várias mortes súbitas ocorreram em praças públicas, reforçando a triste realidade de um município que parece ter virado as costas para os mais necessitados.
A cidade está completamente desassistida. Em outubro de 2024, uma mulher identificada como Adalgisa de Almeida Melo, de 39 anos, morreu na Praça da Cavalhada após passar mal e não receber atendimento médico a tempo. Meses atrás, outro caso semelhante ocorreu na Praça do bairro São Miguel, onde um homem foi encontrado sem vida em um banco. O que deveria ser um espaço de convivência e lazer está se transformando em um cenário de tragédia e abandono. E o pior: ontem outra pessoa faleceu no mesmo local, demonstrando que o problema não é isolado, mas sim parte de um colapso social ainda maior.
Vilinha Azul: a "Cracolândia" de Cáceres agora está espalhada pela cidade
A Prefeitura de Cáceres tentou dar fim a um dos pontos mais críticos da cidade, a Vilinha Azul, local conhecido por ser um espaço de prostituição e tráfico de drogas. A demolição da área, realizada em dezembro de 2023, foi amplamente divulgada como uma medida de segurança pública. O problema? Nenhuma política social foi implementada para as dezenas de pessoas que foram desalojadas.
No momento da remoção, 47 pessoas em situação de vulnerabilidade foram retiradas do local, incluindo uma gestante. A justificativa para a ação era de que se tratava de uma operação de combate ao tráfico e à criminalidade. No entanto, ao invés de resolver o problema, a ação apenas espalhou dependentes químicos por toda a cidade, tornando diversas praças e ruas verdadeiros pontos de uso de drogas ao ar livre. A antiga Vilinha Azul virou uma cracolândia itinerante.
O resultado? O medo tomou conta da população. Muitos desses dependentes químicos, sem nenhum tipo de apoio social ou tratamento, passaram a vagar sem rumo, muitas vezes adotando condutas perigosas para sustentar o vício. O aumento de pequenos furtos e crimes patrimoniais é evidente, e a insegurança da população cresce a cada dia. Completamente desamparados, esses cidadãos, que já viviam em extrema vulnerabilidade, agora enfrentam uma situação ainda pior, sem qualquer perspectiva de recuperação.
Prefeitura assiste ao caos sem reação
A atual administração municipal tem demonstrado total incompetência e descaso com os problemas sociais de Cáceres. A cidade enfrenta crises em praticamente todas as áreas: saúde, infraestrutura, abastecimento de água, educação e agora, a segurança social. A desorganização e a falta de planejamento são visíveis, e o pior: a Prefeitura não se posiciona de maneira clara sobre o que será feito para reverter essa situação.
A Vilinha Azul era, de fato, um problema para a cidade. Mas remover os moradores sem oferecer nenhuma solução é de uma crueldade absurda. O governo municipal parece acreditar que basta "varrer para debaixo do tapete" que o problema desaparece. Não desapareceu. Pelo contrário, se espalhou e agravou ainda mais a crise social de Cáceres.
Até quando Cáceres será uma cidade desumana?
A sequência de mortes súbitas em espaços públicos mostra que a cidade não tem infraestrutura para acolher pessoas em situação de vulnerabilidade. Não há casas de acolhimento suficientes, não há atendimento médico adequado, não há suporte psicológico, não há nada. O pouco que existe parece estar completamente fora de controle, sem uma gestão eficiente para garantir que esses cidadãos tenham ao menos um mínimo de dignidade.
O que se vê é uma cidade cruel, onde pessoas morrem em praças públicas sem que ninguém as socorra, onde moradores de rua são ignorados como se fossem invisíveis, onde o poder público simplesmente assiste ao caos e não faz nada.
Cáceres já teve tempos melhores. Mas hoje, é uma cidade desalmada, insegura e incapaz de cuidar de sua própria população. A gestão municipal precisa dar respostas urgentes, antes que mais pessoas morram esquecidas nas ruas.