Assim como está sendo criticado as prisões do "8 de Janeiro", A política de "tolerância zero" adotada pelo governador Mauro Mendes em Mato Grosso, que recentemente celebrou a 50ª tentativa frustrada de invasão de terras no estado, tem gerado controvérsia entre especialistas e movimentos sociais. Apesar de ser apresentada como uma vitória para a segurança no campo, críticos apontam que a medida pode estar desconsiderando aspectos fundamentais de direitos humanos e sociais.
Movimentos sociais e defensores públicos têm questionado o uso de força policial em ações de desocupação, que, segundo relatos, incluem detenções de líderes comunitários e até de defensores públicos. Tais medidas estão sendo vistas como uma forma de intimidação e cerceamento de direitos civis, levantando dúvidas sobre a proporcionalidade da atuação governamental.
Outro ponto de crítica é a ausência de políticas habitacionais ou programas robustos de reforma agrária, que poderiam mitigar as causas que levam as famílias a ocupar terras. "Reprimir é uma solução temporária, mas não resolve os problemas de acesso à terra e moradia", afirmou um líder comunitário que preferiu não se identificar.
Além disso, a legalidade de sanções impostas a ocupantes, como a perda de benefícios sociais, tem sido questionada por especialistas, que apontam possível inconstitucionalidade das medidas. O debate também ganhou força entre juristas que argumentam que uma abordagem punitiva sem diálogo com os movimentos sociais e a sociedade civil pode agravar ainda mais as tensões no campo.
Por fim, a postura rígida do governo estadual está sendo interpretada por alguns como uma tentativa de criminalizar movimentos que lutam por acesso à terra e melhores condições de vida. "Tratar reivindicações legítimas como casos de polícia é ignorar a raiz do problema e reforçar desigualdades sociais", criticou um representante de um movimento pela reforma agrária.
Enquanto o governo celebra os resultados de sua política de "tolerância zero", os impactos sociais e as críticas sobre o cerceamento de direitos seguem fomentando debates no estado. A pergunta que permanece é: até que ponto medidas repressivas são eficazes para solucionar questões estruturais como a desigualdade no acesso à terra?