Recentemente, um canal de humor nas redes sociais publicou uma foto da Paróquia Nossa Senhora Aparecida com uma crítica "bem-humorada", insinuando que igrejas dedicadas à padroeira do Brasil só poderiam ser pintadas de azul. A postagem, no entanto, gerou uma enxurrada de comentários negativos e levantou uma discussão sobre a tradição e o simbolismo das cores nas igrejas católicas. Muitos fiéis lembraram que a paróquia nunca foi azul antes de 2009, outros questionaram o tom jocoso da postagem e houve até quem comparasse com a Basílica de Aparecida, que não é azul.
Uma simples busca "Paróquia Nossa Senhora Aparecida" na sessão imagens de Google é possível ver que são poucas as paróquias com a padroeira que tem a cor azul.
O Azul e Nossa Senhora Aparecida
Embora a cor azul seja frequentemente associada à Virgem Maria, especialmente no Ocidente, não há uma regra ou norma litúrgica que exija que igrejas dedicadas à Nossa Senhora sejam pintadas de azul. Na verdade, o azul é uma tradição cultural, não doutrinária. Ele remete à pureza, serenidade e ao céu, valores comumente ligados à figura da Mãe de Jesus. No entanto, a escolha da cor das igrejas depende muito mais da decisão do pároco ou da comunidade local do que de uma imposição teológica.
No caso da Basílica de Nossa Senhora Aparecida, localizada em Aparecida (SP), a maior referência mundial para devotos da padroeira do Brasil, suas cores predominantes são o vermelho-terra e o bege (exatamente as mesmas cores que estão colocando na paróquia de Cáceres). Essas escolhas respeitam tanto a arquitetura quanto o ambiente litúrgico, reforçando que o azul, apesar de popular, não é obrigatório.
A tradição e a modernidade nas paróquias
Nas grandes cidades, é comum que as igrejas não sigam um padrão de cores específicas. As decisões sobre a pintura muitas vezes consideram a identidade local, a história da paróquia e até mesmo critérios arquitetônicos. Além disso, a Igreja Católica recomenda evitar cores muito chamativas ou que possam distrair os fiéis da centralidade da fé e da espiritualidade. Assim, o azul pode ser uma opção, mas nunca uma regra.
Alguns devotos sugerem que a cor azul em igrejas dedicadas a Nossa Senhora Aparecida tornou-se mais popular recentemente, como um reflexo do imaginário coletivo ou de preferências regionais. Por exemplo, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida em Cáceres, a escolha do azul pode ter sido influenciada por lideranças locais no fim dos anos 1990, mas nunca foi uma imposição oficial.
A fé vai além das cores
O debate nas redes sociais trouxe à tona o respeito que muitas pessoas têm pela Igreja e pela religião, destacando que questões como cores ou estética não alteram a essência da devoção. Um comentário de destaque lembrou que "o que importa não é a cor da igreja, mas sim a fé dos que a frequentam". Outro internauta apontou: "Se a Basílica de Aparecida não é azul, por que deveria ser aqui?"
Essa discussão também provocou reações críticas ao canal de humor que iniciou a polêmica. Muitos leitores consideraram a postagem desrespeitosa e fora de contexto, afirmando que a religião é algo íntimo e sensível para os fiéis. Uma leitora chegou a comentar que deixaria de seguir o perfil, enquanto outros sugeriram que o canal procure outros temas para suas publicações.
Um convite ao respeito e à reflexão
Como especialistas em temas religiosos apontam, é essencial respeitar a diversidade cultural e religiosa nas comunidades de fé. Questionar ou ironizar práticas religiosas pode gerar divisões desnecessárias e ferir sensibilidades. Assim, antes de criticar ou espalhar desinformação, vale lembrar que a fé não está na tinta das paredes, mas no coração dos que frequentam a igreja.
Se a paróquia será azul ou não, isso deve ser uma escolha comunitária, não uma imposição ou um motivo de polêmica. O importante é que ela continue sendo um espaço de acolhimento, oração e união para os fiéis. Afinal, a devoção a Nossa Senhora Aparecida transcende cores e adentra o que realmente importa: a fé e a conexão espiritual com a Mãe de Jesus.