Bactéria legionella é causa de surto de pneumonia que deixou ao menos 4 mortos na Argentina, diz ministra da Saúde

 A bactéria legionella foi identificada como a causa de um surto de pneumonia bilateral (ou seja, nos dois pulmões) na Argentina, que já provocou quatro mortes até este sábado (3) em uma clínica de San Miguel de Tucumã, no noroeste do país, informou a ministra da Saúde, Carla Vizzotti.


Até a última atualização desta reportagem, o total de pacientes infectados havia chegado a 11 (veja a cronologia dos diagnósticos ao final desta reportagem). Os sintomas incluem febre, dores musculares e abdominais, diarreia e falta de ar.


"O agente etiológico causador do surto de pneumonia bilateral é legionella", disse Vizzotti em entrevista coletiva. "Estamos tipificando o tipo específico da bactéria, mas é possível que seja [legionella] pneumophila. É uma bactéria que se transmite por via inalatória, através da água ou do ar-condicionado."

Encontrada em ambientes de água doce, como lagos e riachos, essa bactéria pode se propagar através das tubulações de água e nos dutos de ar-condicionado. Ela provoca a doença do legionário, um tipo de pneumonia rara e muito grave, que causa febre e infecção pulmonar aguda.


Os casos estão ligados à clínica particular Luz Médica, em Tucumán, e afetaram sobretudo profissionais de saúde, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), que passou a monitorar o surto e a auxiliar autoridades locais.


Antes da entrevista coletiva da ministra da Saúde, Hector Sale, presidente da faculdade de medicina da província de Tucumán, declarou: "não estamos lidando com uma doença que causa transmissão de pessoa para pessoa". De acordo com ele, a avaliação se baseia no fato de que não foram identificados casos entre contatos próximos de nenhum dos pacientes.


Desde o primeiro momento, a Covid, a gripe, a influenza e o hantavírus foram descartados como causas do surto.


Cronologia dos casos

Neste sábado, foi informada a morte do quarto paciente, um homem de 48 anos que estava hospitalizado em estado grave. "Quatro dos pacientes permanecem internados, três deles com assistência mecânica respiratória. Outros três estão sob monitoramento domiciliar, com quadro clínico menos complexo", disse na coletiva Luis Medina Ruiz, ministro da Saúde de Tucumán.


O surto aconteceu em uma clínica particular que fica 1,3 mil quilômetros ao norte de Buenos Aires. Os doentes, na maioria profissionais de saúde, manifestaram os primeiros sintomas a partir de 18 de agosto. "Agora, os pacientes estão sendo transferidos e ações estão sendo tomadas na clínica para identificar se [a bactéria] está na água", afirmou a ministra.


Veja a cronologia dos diagnósticos:


Os primeiros pacientes apresentaram sintomas entre 18 e 22 de agosto.


Em 30 de agosto, um relatório inicial incluiu entre os contaminados cinco profissionais de saúde e um paciente da clínica.


Em 1º de setembro, as autoridades de saúde locais relataram mais três casos, elevando o total para nove.


Em 3 de setembro, a Argentina relatou o décimo paciente contaminado, número mais tarde elevado para 11, segundo a mídia local.


Segundo jornais locais de Tucumán, os primeiros resultados de exames enviados ao Instituto Nacional de Microbiologia Dr. Malbrán já haviam apontado positivo para legionella. Paralelamente, especialistas fizeram análise da água e dos aparelhos de ar-condicionado para identificar uma possível contaminação ou envenenamento.


Antes da confirmação de que a legionella provocou a doença, Michael Osterholm, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Minnesota, nos EUA, afirmou que, como os pulmões dos pacientes foram fortemente atacados, a causa provavelmente estaria ligada a algo que os infectados inalaram.


Segundo ele, "doenças misteriosas", na maioria das vezes, podem ser explicadas por algum surto local sem implicações pandêmicas.

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