Abordagem policial e autoritarismo. Sabe como agir?

Ser abordado de forma abrupta na rua. Ter a bolsa ou mochila revirada no meio da rua. Não poder nem usar a camiseta do time de coração. Essas situações são recorrentes para uma parte da população. Apontar o dedo do meio para um policial equivale a levar uma surra ou algo pior. Dirigir uma moto ou um carro velho e popular, são sinais de atenção para a batida policial que pode ocorrer. Bicicleta? O perigo é real. Vejam os registros de quantos Land Rover ou BMW foram alvos de batidas. Homens brancos, com mais de 40 anos, trafegando em carros caros, jamais são abordados.

Submissão e constrangimento.

São os gestos de submissão e constrangimento, impostos por boa parcela de policiais, que produzem mais revolta. Analisar a abordagem policial é o modo clássico de avaliar a relação entre população e policiais. É o momento em que policial e cidadão tem uma relação independente de um crime. Não aconteceu nada. Você não ligou para o 190 e o policial não tem motivos para levantar qualquer suspeita.

"Cara de criminoso". Quem sabe como agir?

A polícia criou um método de abordagem inacreditável: ter "cara de criminoso" é passível de ser abordado na rua. Mas o que é "cara de criminoso"? Vale tudo. A subjetividade é a norma. O "não gostei da cara" é decisivo. Não é trivial, a polícia produz suspeição diariamente.

Tensão e medo.

O problema não está só em ser abordado. Está na tensão, no medo, na revolta e no ressentimento. Ver uma viatura policial dispara o coração. "Vem bala" com ela? As pessoas não sabem como agir, se olham o policial no olho ou não, o que devem fazer para não serem considerados suspeitos. A truculência do chefão da polícia, o autoritarismo com que agiu na abordagem da artesã que mostrou o dedo do meio, terminará em pizza. Pizza de restaurante de quinta categoria. Eles se protegem muito, muito antes de pensar em proteger o cidadão.

"Freio de camburão" e apalpação.

Há os super abordados, os chamados "freio de camburão", a polícia vê, para imediatamente. Culpado de nascença. Uma pergunta clássica nos estudos sobre ação policial é se houve revista corporal, de passar a mão pelo corpo e apalpar. Nos aeroportos somos revistados com uma raquete, justamente para evitar a apalpação. Atitude respeitosa. Nas ruas, a revista corporal é percebida como extremamente humilhante, de muita tensão. A pessoa tem sua intimidade corporal violada. É vista como suspeita pelo policial, pela cara, e não por ter feito algo errado. A pessoa se pergunta se há algo errado com ela...


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